Deus, a decepção do homem
Deus, a decepção do homem
Jailton Silva
Deus não se alegra com a tristeza humana, porém, os desejos e definição de felicidade dessa criatura pode não ser o mesmo pensado por ele, quando criou o universo.
A natureza mantém seus filhos, todavia, quando eles(as criaturas) querem se destacar fora da comunhão prevalente em seu habitat, isso propondo a ideia de que há uma correlação entre a flora, fauna e humanos, aquelas devem prover sua própria manutenção, mas vida, só a mãe natureza produz, ou seja, é uma especialidade divina. Então como são incapazes de dar vida produzem morte para se manterem.
A criatura humana, para suprir suas necessidades, busca se sobressair, busca propagação de que é o centro, e cria a inculcação do antropocentrismo, mas espera que a natureza o bajule, mime-o, enquanto idealiza formas de felicidades cada vez mais distantes da sua criação.
Aceder a teoria de que, os humanos, vieram dos macacos, não depõe contra aquela que afirma sermos originados de Adão e Eva, visto que, em ambas as situações, não havia produção de bens e/ou alimentos, estava tudo disposto ao humano em sua forma primitiva, foi seu desenvolvimento que o afastou da essência criadora, e para suprir suas necessidades, destrói sua própria casa. A conta chega, e ele quer culpar a alguém, inclusive a Deus.
Em toda a história da humanidade a única certeza para todos é que haverá algum tipo de dificuldade na vida, provocada pelo fato de haver esquecido que tudo o necessário para sua existência está na simplicidade ao seu redor.
Na busca por ser melhor entre os seus, enquanto espécie, inicia uma corrida por padrões inalcançáveis, alterando as regras básicas da vida, com o propósito de estabelecer-se como superior sobre os da mesma espécie e sobre a natureza, a qual dizem desbravar.
Enquanto a natureza, desbravada, sofre, também seu desbravador, tal qual o filho pródigo citado no livro da bíblia, o qual sonhou viver longe de seu pai, experimentar sua liberdade, assim o hominídeo também amarga a impotência. Então clamam pelo criador, e ele, para mostrar que continua detentor da vida, ainda mostra milagres, mas não se dispõe a curar a todos que clamam por sua intervenção.
O homem vê a natureza como objeto disponível e passivo às suas inserções, já não considera a relação vital entre eles, e cria a ideia de que é seu salvador, mas se debate buscando saída para fazer retroceder as consequências da sua utopia e provar que está certo. Entretanto, não consegue olhar e apontar, enquanto indivíduo, a sua própria culpa, folga em apontar seus pares.
Em sua vaidade, mas também na busca por uma organização, o homem cria lideres seculares e religiosos, os quais movidos pelo desejo de poder, cada um desempenha seu papel de ludibriar a mente da comunidade.
Os religiosos propagam um Deus aberto à intervenção na vida humana, mas que insere males na vida de suas criaturas, punindo-os por trilharem caminhos longe dele, o criador, e perto do pseudo-diabo.
Enquanto o secular promete vida digna, recuperação do habitat, dentre suas promessas se apresentam questões que dividem, culpabilizam e punem, ao passo que, em meio a lutas e guerras, permitem o surgimento de incluídos e excluídos. A medida que um se mostra incompetente para lidar com seus próprios monstros, o outro limita a ação do criador e se autoproclama, emissário, autoridade para a criação de doutrinas que, ao invés de aproximar o faminto do alimento, o afasta. Nenhum cumpre o que promete, visto que ambas as propostas consistem em mudanças, retorno à simplicidade, coisa impossível, enquanto o homem estiver mentalmente no centro de tudo.
Quando esses lideres, de ambos os lados, estão com a palavra, mesmo buscando unir, separam, isso acontece por acreditarem ser a personificação da sabedoria, e mais uma vez provocam discórdia, falam de liberdade e promovem submissão a eles próprios, falam de vida eterna, mas apresentam um deus punitivo, egoísta e interventor. Assim suas promessas e lutas atravessam as gerações, encaminhando a todos para o abismo.
É difícil acreditar que a inteligência que cria a vida e o processo de vida, do nada, não possa mudar tal situação, mas porque intervir, se o todo não comunga da mesma ideia que ela, a inteligência, a qual em sua onisciência, onipresença e onipotência apenas espera o reconhecimento do seu valor, enquanto mantém o mundo funcionando.
Observando a natureza, onde tanto na criação, quanto em sua transmutação, há interação entre elementos, podemos perceber, como o homem, julgando-se superior, em um ambiente criado sem a sua menor participação, pode, ou não, sair impune e alcançar a fonte da vida após promover tanta destruição.
A salvação dos humanos, quiçá do planeta e a cura de todas as dores, é possível desde que o homem díspar-se de seus projetos miraculosos, de seu pseudo poder, de sua unilateralidade.
O que chamamos de universo, não consegue fechar o círculo, pois um elo está aberto, o filho não consegue voltar para casa, ainda tem herança a gastar.
Jailton Ofamilajo
Enviado por Jailton Ofamilajo em 16/11/2024